Quando a 13 de Maio de 1933 foram aprovados os estatutos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Moncorvo, pelo então Governador Civil do Distrito de Bragança, atingiu-se um dos maiores anseios da população do concelho. Estava ainda na memória, o incêndio que em Janeiro desse ano consumiria o edifício situado no Largo do Castelo, onde hoje implantado o edifício dos CTT.

1º Veículo dos Bombeiros

Assinale-se, por curiosidade, que nesse local funcionava uma sala de cinema.

Nessa altura, o fogo que foi vencido e extinto pelo público que, com meios precários e muito boa vontade, se juntou para debelar sem contudo conseguir que o edifício fosse totalmente destruído pelas chamas.

A comissão que de imediato surgiu com o fim de criar uma Corporação de bombeiros era composta pelos senhores Dr. José de Abreu, Notário, José Miguel Peixoto, Professor e Ajudante da Conservatória de Registo Predial, José Manuel Campos, Alberto Augusto Cardoso, Abílio António Campos, Herculano Augusto Fabião e António Joaquim Cautela, todos comerciantes na sede do concelho.

E com os 20.000$00 (100€) atribuídos pela Câmara Municipal de então, de que era Presidente o Capitão Francisco António Marcos iniciou-se, após a aprovação dos estatutos, a compra do primeiro material. Para comandante da Corporação tinha, entretanto sido convidado, o então Tenente Mário Lopes, que exercia o cargo de Administrador do Concelho.

Resumidamente foi assim que tudo começou.

Presidente Fundador - José Miguel Peixoto

1º Comandante - Mário Lopes

Passados estes anos todos, a Corporação continua a obra desses quase esquecidos, sem nomes em ruas nem elogios públicos, todavia o maior elogio que se lhes pode fazer é verificar a dimensão, eficácia e vitalidade que a Corporação a que deram corpo atingiu.

Antigo Quartel dos Bombeiros

O que não invalida que aqui não sejam recordados e os seus nomes registados. A sua obra permanece e com ela a sua visão de solidariedade, humana, de vontade de bem fazer e de amor pelo próximo.

Os Bombeiros são lembrados quase exclusivamente quando são necessários. O que não deixa de ser profundamente injusto e, talvez, reflexo duma sociedade cada vez mais virada para as coisas materiais.

Numa época em que tanto se fala de ecologia, defesa do património e justiça social, poucos se apercebem que os Bombeiros são a última linha de defesa contra a destruição da Natureza, seja a nível cinegético, florestal ou agrícola, última linha de defesa contra os perigos de degradação patrimonial, seja por derrocadas, fogo ou inundações a última linha de defesa relativamente aos bens de cada um que impede uma maior injustiça social.

Dispor do seu tempo, para ter tempo para os outros, horas de sono perdidas, esforço contínuo com desprezo do seu bem estar, muitas vezes com perigo da própria vida é a função do Bombeiro. Quem se lembra disto no seu Quotidiano? Acresce a tudo isto, que esta corporação é uma Associação de Bombeiros Voluntários e o voluntariado implica disponibilidade, espírito de sacrifício e entrega quase total a troco de bem servir. Recebe-se, apenas, a satisfação de ter dado o seu melhor e ter vencido a tragédia iminente.

O lema “Vida por Vida” que os Bombeiros ostentam é das signas mais nobres. Implica uma obrigação moral de a tudo prescindir para socorrer os que de socorro precisam. 

Os Bombeiros Voluntários de Moncorvo tentam fazê-lo com apego, resolução e a humildade dos que nada esperam. Que Moncorvo não o esqueça.  

Antigo Carro de Combate aos Incêndios

O único apelo que fazem é que todos os Moncorvenses se identifiquem com a Corporação que é a sua e que participando de modo que melhor puderem, ajudem a perpetuar essa obra que começou algures, por vontade e esforço duns poucos, no ano longínquo de 1933.

E que, o engrandecimento e o prestígio desta Associação Humanitária depende de todos nós. Façamo-nos dignos de tal e saibamos dizer “aqui estamos” para que os Bombeiros Voluntários de Moncorvo continuem a poder dizer “presente” sempre para que tal sejam solicitados.